Quase todas as viagens que fiz na vida foram para cidades do Estado de Minas Gerais. A cidade mais visitada foi Itabira, lugar onde minha mãe viveu parte de sua infância, pois a mesma nasceu na cidade vizinha, Itambé.
As últimas vezes que visitei Itabira fui ao Memorial Carlos Drummond de Andrade. Na cidade é mais conhecido como O Pico Do Amor.
O Memorial foi desenvolvido por um grande amigo do Poeta, nada menos que Oscar Niemeyer. Além de todo o acervo sobre a vida de Drummond, o memorial já é por si só uma grande obra de Arte.
Objetos do Acervo foram doados pela Fundação Cultural do Banco do Brasil, pela biblioteca da Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade, familiares e amigos. Fazem parte do acervo à primeira máquina de datilografia do poeta-cronista; uma coleção de cartas, recebidas de grandes autores e familiares; prêmios literários e obras de artes feitas em sua homenagem.
A Ultima vez que estive no Memorial tive o grande prazer de conhecer o acervo interno de Livros que pertenciam a Drummond. Não é qualquer um que tem esse prazer e não foi só acesso aos livros, tive acesso a documentos, fotografias e vídeos que geralmente não estão em exposição.
Imagine ter em suas mãos um livro que era de um grande Poeta Brasileiro. A emoção foi muita e mais ainda quando peguei um em especial e vejam só de quem é a Dedicatória.
Pois é, uma imagem vale mais do que mil palavras.
E aqui esta ela, A PEDRA NO CAMINHO...
Brincadeirinha é apenas uma pedra em exposição, mas é uma boa piada. Ninguém sabe de QUE PEDRA Drummond se refere no Poema No Meio Do Caminho. Foi colocada lá para representar a principal fonte de lucros da cidade, a mineração e por todo lado uma pedra como esta, só que bem menor, é encontrada.
Além de um espaço externo amplo e ao redor de digamos que um pequeno parque, o Memorial proporciona aos seus visitantes uma bela vista da cidade mineira. No Jardim há uma bela estatua de Drummond feita de ferro.
Tive uma vez a infelicidade de bater o rosto nos óculos. Mas isso já é outra história :)
E vejam só o que encontrei: um casal de corujas. Tive que chegar bem devagar pra fotografar senão elas iam me atacar. Tinham filhotinhos no ninho, segundo os funcionários do Memorial.
O interessante disso é que Coruja é o símbolo das letras e vejam que lugar maravilhoso elas escolheram para fazer seu ninho.
O interessante disso é que Coruja é o símbolo das letras e vejam que lugar maravilhoso elas escolheram para fazer seu ninho.
Além deste Memorial há outros lugares para visitar e saber mais sobre Drummond: Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade e A Casa de Drummond.
Abaixo seguem outras fotos do Memorial.
Tempo, Memória e Poesia Em Exposição - José e No Meio do Caminho
Poemas em Exposição - Quadrilha e Canção Amiga.
Primeira Máquina de Ditalografia de Drummond
Rádio que pertenceu a Drummond.
Tempo, Memória e Poesia
Escultura interna de Drummond.
Poesia e caricatura de Drummond.
O Cometa Itabirano (Poesia).
Pequeno Drummond
Notas de Cruzados Novos com o rosto de Drummond
Tempo, Memória e Poesia.
Livros de Drummond em exposição.
Drummond e Eu (Tinha que ter né rs).
Vista do Memorial.
É isso ai, com certeza quando eu voltar a Itabira visitarei o Memorial e em breve colocarei um post sobre a Casa de Drummond e A Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade. Aguardem :)
E ai segue uma poesia para finalizar o post e esta é uma que pelo que eu fiquei sabendo na Casa de Drummond, há uma história por trás dela.
E uma coisa interessante pro momento: José por acasso era o nome do irmão mais velho de Drummond...
Será o mesmo José?
E agora? Será que é o mesmo José?
JOSÉ
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio - e agora?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio - e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?
Carlos Drummond de Andrade