domingo, 25 de setembro de 2011

Carlos Drummond de Andrade – Memorial Itabira - MG

Quase todas as viagens que fiz na vida foram para cidades do Estado de Minas Gerais. A cidade mais visitada foi Itabira, lugar onde minha mãe viveu parte de sua infância, pois a mesma nasceu na cidade vizinha, Itambé.
As últimas vezes que visitei Itabira fui ao Memorial Carlos Drummond de Andrade. Na cidade é mais conhecido como O Pico Do Amor.
O Memorial foi desenvolvido por um grande amigo do Poeta, nada menos que Oscar Niemeyer. Além de todo o acervo sobre a vida de Drummond, o memorial já é por si só uma grande obra de Arte.

 

Objetos do Acervo foram doados pela Fundação Cultural do Banco do Brasil, pela biblioteca da Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade, familiares e amigos. Fazem parte do acervo à  primeira máquina de datilografia do poeta-cronista; uma coleção de cartas, recebidas de grandes autores e familiares; prêmios literários e obras de artes feitas em sua homenagem.




A Ultima vez que estive no Memorial tive o grande prazer de conhecer o acervo interno de Livros que pertenciam a Drummond. Não é qualquer um que tem esse prazer e não foi só acesso aos livros, tive acesso a documentos, fotografias e vídeos que geralmente não estão em exposição.
Imagine ter em suas mãos um livro que era de um grande Poeta Brasileiro. A emoção foi muita e mais ainda quando peguei um em especial e vejam só de quem é a Dedicatória.

Pois é, uma imagem vale mais do que mil palavras.



 E aqui esta ela, A PEDRA NO CAMINHO...



Brincadeirinha é apenas uma pedra em exposição, mas é uma boa piada. Ninguém sabe de QUE PEDRA Drummond se refere no Poema No Meio Do Caminho. Foi colocada lá para representar a principal fonte de lucros da cidade, a mineração e por todo lado uma pedra como esta, só que bem menor, é encontrada.
Além de um espaço externo amplo e ao redor de digamos que um pequeno parque, o Memorial proporciona aos seus visitantes uma bela vista da cidade mineira. No Jardim há uma bela estatua de Drummond feita de ferro.


Tive uma vez a infelicidade de bater o rosto nos óculos. Mas isso já é outra história :)
E vejam só o que encontrei: um casal de corujas. Tive que chegar bem devagar pra fotografar senão elas iam me atacar. Tinham filhotinhos no ninho, segundo os funcionários do Memorial.

 O interessante disso é que Coruja é o símbolo das letras e vejam que lugar maravilhoso elas escolheram para fazer seu ninho.
Além deste Memorial há outros lugares para visitar e saber mais sobre Drummond: Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade e A Casa de Drummond.


Abaixo seguem outras fotos do Memorial.   


Tempo, Memória e Poesia Em Exposição - José e No Meio do Caminho


 Poemas em Exposição - Quadrilha e Canção Amiga.


Primeira Máquina de Ditalografia de Drummond 



Rádio que pertenceu a Drummond.


Tempo, Memória e Poesia



Escultura interna de Drummond.


Poesia e caricatura de Drummond.
 

O Cometa Itabirano (Poesia).


Pequeno Drummond



Notas de Cruzados Novos com o rosto de Drummond


Tempo, Memória e Poesia.


Livros de Drummond em exposição.

 Drummond e Eu (Tinha que ter né rs).


Vista do Memorial.


É isso ai, com certeza quando eu voltar a Itabira visitarei o Memorial e em breve colocarei um post sobre a Casa de Drummond e A Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade. Aguardem :) 
E ai segue uma poesia para finalizar o post e esta é uma que pelo que eu fiquei sabendo na Casa de Drummond, há uma história por trás dela. 
E uma coisa interessante pro momento: José por acasso era o nome do irmão mais velho de Drummond...
Será o mesmo José?
E agora? Será que é o mesmo José?

         JOSÉ

          E agora, José?
          A festa acabou,
          a luz apagou,
          o povo sumiu,
          a noite esfriou,
          e agora, José?
          e agora, você?
          você que é sem nome,
          que zomba dos outros,
          você que faz versos,
          que ama, protesta?
          e agora, José?

          Está sem mulher,
          está sem discurso,
          está sem carinho,
          já não pode beber,
          já não pode fumar,
          cuspir já não pode,
          a noite esfriou,
          o dia não veio,
          o bonde não veio,
          o riso não veio
          não veio a utopia
          e tudo acabou
          e tudo fugiu
          e tudo mofou,
          e agora, José? 

          E agora, José?
          Sua doce palavra,
          seu instante de febre,
          sua gula e jejum,
          sua biblioteca,
          sua lavra de ouro,
          seu terno de vidro,
          sua incoerência,
          seu ódio - e agora? 

          Com a chave na mão
          quer abrir a porta,
          não existe porta;
          quer morrer no mar,
          mas o mar secou;
          quer ir para Minas,
          Minas não há mais.
          José, e agora? 

          Se você gritasse,
          se você gemesse,
          se você tocasse
          a valsa vienense,
          se você dormisse,
          se você cansasse,
          se você morresse...
          Mas você não morre,
          você é duro, José! 

          Sozinho no escuro
          qual bicho-do-mato,
          sem teogonia,
          sem parede nua
          para se encostar,
          sem cavalo preto
          que fuja a galope,
          você marcha, José!
          José, para onde? 
Carlos Drummond de Andrade



Um comentário:

  1. Esse Poema do Carlinhos é muito lindo, mesmo indagando o José, sinto-me na posição de José e acabo me perguntando, o que farei agora? Me ajuda a pensar na vida e planejar o futuro.
    É muito engraçado, porque parece também que ele está rindo do José, né! Tipo assim:
    - E agora José! Você não era aquele valentão? O que vai fazer agora heim?!
    kkkk - Me racho com isso.
    Mas é bom ler e reler, cada hora vem uma ideia diferente.

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